Descubra a ação do gengibre no sistema imune

 

Zingiber officinale Roscoe, comumente conhecido como gengibre, é uma planta herbácea com rizomas aromáticos e pungentes nativos do nordeste da Índia. Essa planta é medicinalmente utilizada para tratar resfriados, vômitos, dor de estômago, calafrios e tosse há cerca de 2.000 anos. Além de ser um componente importante na culinária, o gengibre tornou-se um importante item de especiaria nos séculos 11 e 12 dC.

Os efeitos medicinais desencadeados pelo gengibre, se dão principalmente pelos seus caules subterrâneos ou rizomas, sendo listados três produtos de rizomas de gengibre na farmacoterapia chinesa, ou seja, o Shengjiang (gengibre fresco), Gan Jiang (gengibre seco) e Paojiang (processado por fritura). A China é de longe, o maior produtor dessa especiaria, mas é geograficamente cultivado em 50 países do mundo em que se concentram principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Além disso, o gengibre possui uma longa história de cultivo, em que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) indica que a área total de plantação de gengibre vem aumentando em quase 10 anos em todo o mundo.

Quando relacionado a medicina tradicional chinesa à base de plantas, o gengibre foi documentado pela primeira vez na mais antiga monografia dessa prática. Na atualidade, o gengibre fresco é utilizado como fitoterápico para o resfriado comum e vômitos, enquanto o gengibre seco é sugerido para o tratamento de síndromes de deficiência de frio do baço e do estômago, e Yang-colapso. Além de ser usado como “antiemético de amplo espectro”, muito utilizado para o tratamento de náuseas, vômitos em enjoos e gravidez.

Outrossim, o gengibre apresenta quantidades abundantes de constituintes ativos, como os compostos fenólicos e terapêuticos, os quais podem trazer várias ações benéficas para o sistema imune. 

Atividade antioxidante

A literatura mostra uma associação da superprodução de radicais livres, como espécies reativas de oxigênio, com o desenvolvimento de muitas doenças crônicas. Diante disso, vários estudos mostram a importância do gengibre nesse perfil de radicais livres, por conta da sua atividade antioxidante. 

Nesse contexto, a maior ação antioxidante foi observada no gengibre seco, por conta da maior quantidade de compostos fenólicos, ou seja, em comparação com o gengibre seco e fresco, este apresentou 5,2, e 1,1 vezes maior, respectivamente. Isso se deve ao seu conteúdo polifenólico. 

Aplicação disso, é que extrato de gengibre apresentou efeitos antioxidantes em células de condrócitos humanos, com estresse oxidativo mediado pela interleucina-1β. Os efeitos foram observados, pois o gengibre estimulou a expressão de várias enzimas antioxidantes e reduziu a geração de espécies reativas de oxigênio e a peroxidação lipídica. Outrossim, uma das vias de sinalização para exibir a atividade antioxidante do gengibre e seus compostos bioativos é por meio da via de sinalização do fator nuclear eritróide 2 relacionado ao fator 2 (Nrf2). 

Atividade anti-inflamatória

A atividade anti-inflamatória desencadeada pelo gengibre, pode proteger contra doenças relacionadas à inflamação, como colite! Ademais, os seus efeitos anti-inflamatórios foram principalmente relacionados à fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K), proteína quinase B (Akt) e fator nuclear kappa intensificador de cadeia leve de células B ativadas (NF-κB). Desse modo, com a inibição da ativação de Akt e NF-κB, observa-se um aumento nas citocinas anti-inflamatórias e um declínio nas citocinas pró-inflamatórias.

Em geral, as pesquisas mostram que o gengibre e seus compostos ativos são eficazes no alívio da inflamação, especialmente nas doenças inflamatórias intestinais! 

Actividade antimicrobiana

Por conta da resistência antimicrobiana, a disseminação de doenças infecciosas, bacterianas, fúngicas e virais têm sido uma grande ameaça pública. Assim, muitas ervas e especiarias foram desenvolvidas para agir como agente antimicrobiano, sendo que nos últimos anos, o gengibre foi descrito por apresentar atividades antibacterianas, antifúngicas e antivirais.

O gengibre mostrou-se eficaz inibindo o crescimento do biofilme, parte importante da infecção e resistência antimicrobiana, cepa multirresistente de Pseudomonas, bem como bloqueou a formação de biofilme por meio da redução do nível de bis-(3′-5′)-monofosfato de guanosina dimérico cíclico (c-di-GMP) em Pseudomonas aeruginosa.

Logo, observou-se que o gengibre pode inibir o crescimento de diferentes bactérias, fungos e vírus. Efeitos que podem estar relacionados principalmente à supressão da formação de biofilme bacteriano, biossíntese de ergosterol e ligação e internalização viral.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Mao, Qian-Qian et al. Bioactive Compounds and Bioactivities of Ginger (Zingiber officinale Roscoe). Foods (Basel, Switzerland) vol. 8,6 185. 30 May. 2019, doi: 10.3390/foods8060185

Zhang, Mengmeng et al. Ginger (Zingiber officinale Rosc.) and its bioactive components are potential resources for health beneficial agents. Phytotherapy research : PTR vol. 35,2 (2021): 711-742. doi: 10.1002/ptr.6858


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