Qual a aplicabilidade do gengibre para o ser humano?

 

Zingiber officinale, também conhecido como gengibre, tem sido usado como alimento, tempero, suplemento, agente aromatizante e em medicamentos tradicionais há mais de 3000 anos em países e áreas como nas nações árabes, China, Índia e Japão, devido às suas características benéficas como pungência, aroma, nutrientes e atividade farmacológica. Ademais, o gengibre tem sido usado em medicamentos tradicionais para tratar doenças e sintomas, além de ser conhecido por ter atividade farmacológica contra toxicidades naturais, químicas e induzidas por radiação, como efeitos radioprotetores, hepatoprotetores, nefroprotetores, neuroprotetores, gastroprotetores e protetores do sistema reprodutivo.

Em sua composição o rizoma de gengibre contém muitos produtos químicos, como óleo graxo, proteínas, carboidratos, fibra bruta, cinzas, água e óleo volátil. A quantidade de cada produto, pode variar a depender das condições de método de extração, armazenamento e processamento. A composição do óleo volátil, consiste em sesquiterpenos, como zingibereno, curcumeno e farneseno, e monoterpenos, como cineol, linalol, borneol, geranial e neral. Os componentes não voláteis, incluem os principais constituintes biologicamente ativos, como gingerols, shogaols, paradols e zingerone.

A literatura relata numerosos efeitos biológicos, incluindo efeitos fisiológicos e farmacológicos, associados a esses constituintes do gengibre. Logo, estudos farmacológicos revelaram que o gengibre é eficaz contra vários sintomas e doenças, além de apresentar efeitos positivos sobre distúrbios respiratórios, osteoartrite, enxaqueca e olhos. As atividades e efeitos, são provavelmente mediados por mecanismos moleculares, como a redução dos níveis hormonais, a inibição da expressão de citocinas, a inibição das funções das espécies reativas de oxigênio e a regulação da sinalização celular.

Efeitos sobre náuseas e vômitos

A suplementação de gengibre pode ser benéfica para vômitos induzidos por quimioterapia, em que o risco de vômito agudo foi reduzido em 60% pela suplementação de gengibre em quantidade maior ou igual a 1 g/dia por um período maior que 3 dias, além de uma redução significativa da incidência de vômitos e náuseas em pacientes cirúrgicos pré-operatórios.

Efeitos sobre a pressão arterial

Na avaliação da eficácia do gengibre na pressão arterial, um estudo revelou que a suplementação de gengibre tem efeitos favoráveis na pressão arterial, assim como possui um potencialmente eficaz contra hipertensão e doença cardíaca coronária.

Efeitos sobre diabetes e síndrome metabólica

Em uma análise do diabetes mellitus tipo 2 envolvendo 454 participantes em 8 estudos, demonstrou que o gengibre na dieta melhorou significativamente o nível de hemoglobina glicada, exame útil para identificar altos níveis de glicemia durante períodos prolongados, em pacientes com diabetes. Logo, verifica-se uma eficácia semelhante do gengibre como terapia adjuvante para diabetes mellitus tipo 2 e a síndrome metabólica foi relatada por uma meta-análise.

Efeitos sobre os níveis de colesterol e metabolismo lipídico

O gengibre apresentou efeitos favoráveis nos níveis de triacilglicerol e colesterol de lipoproteína de baixa densidade, ou seja, uma dose baixa de gengibre maior ou igual a 2 g/dia, reduziu bastante os níveis de triacilglicerol e colesterol total. Além disso, outro estudo mostrou que a ingestão de gengibre pode reduzir o peso corporal, relação cintura-quadril, relação quadril, glicemia de jejum e resistência à insulina, além de que aumentou os níveis de colesterol de lipoproteína de alta densidade. Por outro lado, a suplementação de gengibre também mostrou reduzir significativamente os níveis séricos de proteína C reativa, além de uma melhora nos índices de glicemia e o perfil lipídico.

Efeitos sobre a dor na dismenorreia e inflamação

A suplementação oral de gengibre foi relatada como eficaz para a dor menstrual na dismenorreia, além de apresentar efeitos benéficos na inflamação mostrando um efeito hipoalgésico, bem como eficaz e razoavelmente seguro para o tratamento da osteoartrite.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Kiyama, Ryoiti. Nutritional implications of ginger: chemistry, biological activities and signaling pathways. The Journal of nutritional biochemistry, vol. 86 (2020): 108486. doi: 10.1016/j.jnutbio.2020.108486

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