É comum que durante o carnaval e o consequente embalo da folia seja possível observar exagero relacionado a bebida alcoólica, e normalmente acompanhado a esse exagero pode-se perceber a ressaca e as disfunções alimentares. As bebidas alcoólicas são comumente consumidas em todo mundo. Seus efeitos no organismos dependem da quantidade e do padrão de consumo. O consumo agudo de álcool é associado a sintomas de ressaca e danos aos órgãos.
No geral, a ressaca é caracterizada por sintomas físicos e mentais desagradáveis após o consumo de álcool, como tontura, dor de cabeça, fadiga e dores musculares, no qual esse estado de ressaca alcoólica pode durar até 24 horas após a ingestão. Além disso, a ressaca também pode afetar aspectos sociais e econômicos adversos, como exemplo uma alta taxa de incidência de acidentes de trânsito e violência, bem como diminuição da habilidade e desempenho ocupacional.
O mecanismo da ressaca não é totalmente compreendido, embora várias causas tenham sido sugeridas. Os sintomas da ressaca parecem ser o resultado combinado de desidratação, alterações hormonais, vias de citocinas desreguladas e efeitos tóxicos do álcool e do acetaldeído. É importante destacar que o álcool em si é responsável por alguns sintomas da ressaca, mas apesar disso a maioria dos sintomas aparece quando o nível de álcool no sangue está baixo e sua gravidade atinge o pico quando o nível de álcool no sangue chega a 0.
Em relação ao metabolismo alcoólico, ele pode seguir por duas vias: oxidativas e não oxidativas. Os principais processos da via oxidativa são mediados pela álcool desidrogenase (ADH) e acetaldeído desidrogenase (ALDH), que transformam o álcool em acetaldeído e depois em acetato, respectivamente. O acetaldeído, que é o primeiro metabólito da oxidação do álcool, pode levar a uma série de sensações desagradáveis, como náusea, vômito, dor de cabeça e fadiga. Outrossim, o consumo alcoólico perturba o equilíbrio entre os sistemas pró e antioxidantes do organismo, de modo a causar estresse oxidativo.
Desse modo, a literatura traz alguns produtos naturais para a prevenção e tratamento da ressaca, como os listados a seguir:
Hidratação
Um dos principais hormônios afetados pelo uso indiscriminado do álcool é a arginina vasopressina (VP), também conhecida como hormônio antidiurético, a qual está envolvida em vários efeitos fisiológicos e comportamentais. Estudos mostram que o consumo alcoólico está associado à redução dos níveis plasmáticos de vasopressina, enquanto observa-se um aumento após a interrupção do consumo. É por isso que quando o álcool é ingerido, a diurese aumenta.
Assim, a ingestão de água é importante para manter os níveis de água no organismo dentro da normalidade e auxiliar na recuperação!
Pera coreana
Pyrus pyrifolia, também conhecida como pera coreana, é uma fruta que tem sido utilizada como agente profilático para aliviar a ressaca alcoólica. Os polifenóis são os principais componentes bioativos da Pyrus pyrifolia, além disso ela pode ser considerada um suplemento alimentar útil e eficaz no alívio da ressaca e desintoxicação do álcool, pois estimula as atividades de ADH e ALDH.
Mangifera Indica L. - Manga
Mangifera Indica L. é uma fruta tropical amplamente consumida e que apresenta benefícios relacionados à ressaca. A manga é rica em compostos polifenólicos que podem proteger de várias doenças. Assim, sua ingestão fornece antioxidantes que podem atuar de forma sinérgica com outros alimentos para oferecer proteção.
Estudos mostram que a polpa e a casca da manga podem ser a fonte de alimentos funcionais com a intenção de diminuir o nível de álcool plasmático após ingestão excessiva de álcool, isso se deve a melhoria nos níveis plasmáticos de álcool e aumento das atividades de ADH e ALDH.
Caqui
O caqui ou Diospyros Kaki Thunb. é uma fruta que apresenta elevados níveis de compostos fenólicos. Estudos mostram que o extrato de fruta e folha de caqui pode ter a capacidade de melhorar o metabolismo do álcool e o perfil lipídico hepático devido aos seus componentes antioxidantes, como flavonas e fenólicos.
Gengibre
O gengibre apresenta potencial antioxidante e atividade hepatoprotetora. Isso se deve ao fato de que o principal constituinte bioativo do gengibre, o 6-Gingerol, pode eliminar de forma eficiente os radicais livres, bem como os seus efeitos antioxidantes estão relacionados com a modulação do estresse oxidativo desencadeado pelo álcool.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Biblioteca Virtual em Saúde. Dicas de Carnaval. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/225_carnaval.html.
Harper, Kathryn M et al. “Vasopressin and alcohol: a multifaceted relationship.” Psychopharmacology vol. 235,12 (2018): 3363-3379. doi: 10.1007/s00213-018-5099-x
Wang, Fang et al. “Natural Products for the Prevention and Treatment of Hangover and Alcohol Use Disorder.” Molecules (Basel, Switzerland) vol. 21,1 64. 7 Jan. 2016, doi: 10.3390/molecules21010064
Jayawardena, Ranil et al. “Interventions for treatment and/or prevention of alcohol hangover: Systematic review.” Human psychopharmacology vol. 32,5 (2017): 10.1002/hup.2600. doi: 10.1002/hup.2600
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