Atualmente, para aqueles profissionais que possuem formação ou conhecimentos bem embasados acerca da Medicina Tradicional Chinesa, a observação da língua é usada para diagnósticos que vão desde questões emocionais até aspectos primários ou secundários de condições que afetam o corpo físico. De acordo com a observação feita, o tratamento mais adequado é determinado. Mas quando essa técnica de diagnóstico foi criada, a sua possibilidade de usos não era tão abrangente assim…
A época das Dinastias Jin e Yuan corresponde ao momento histórico em que originou-se na China uma bactéria conhecida como Yersinia pestis, transmitida por roedores e que era responsável por 3 manifestações patológicas: a peste bubônica, septicêmica ou pneumônica. Era imperativa a criação de um método de diagnóstico que evitasse o contato físico dos médicos com aqueles que estavam doentes, e a observação da língua surgiu como uma forma não invasiva, rápida, eficiente e objetiva de análise, dispensando a avaliação subjetiva do pulso do paciente (que dependia do toque). No período, foi criada uma coleção de 12 ilustrações de língua, e a observação dessa parte do corpo passou a ser uma técnica eficiente de diagnóstico para prescrição de medicamentos sem imbuir risco de contato ao médico.
Assim como vários ensinamentos tradicionais e extremamente antigos, a observação e diagnóstico a partir da língua foi evoluindo, ganhando novas nuances, evidências e possibilidades. Por ser facilmente alterada por fatores de estilo de vida (como alimentação, uso de medicamentos, doenças e cirurgias pregressas) e refletir a condição de órgãos e fluidos internos que não conseguem ser prontamente observados - a não ser por exames mais específicos e complexos -, a Medicina Tradicional Chinesa acredita que a língua de um indivíduo diz muito sobre ele e pode ser um primeiro contato com as condições que apresenta e que estão em desequilíbrio - ou não.
O que geralmente se observa é a cor, forma, presença de manchas/fissuras ou outras alterações físicas, umidade e mobilidade, assim como a qualidade da saburra (uma camada que se forma na superfície da língua, composta por células descamadas da boca, bactérias, toxinas advindas do metabolismo corporal e restos alimentares - caso a higiene bucal seja de baixa qualidade). É considerada “saudável” uma língua de cor vermelho-claro, úmida, brilhosa, média, sem sinais de envelhecimento/rachaduras/erosões, com movimentos aguçados e saburra pouco espessa e clara. As alterações que fogem desse padrão indicam faltas ou excessos de componentes específicos que compõem a totalidade do ser humano, de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa.
É importante que o exame seja feito em um local com luz adequada e de preferência sem que tenha sido feita a ingestão alimentar, visto que reflexos podem alterar a cor da língua e os alimentos podem mudar a característica natural da saburra. Depois que o profissional habilitado faz a análise, indica os melhores tratamentos - como a acupuntura ou fitoterapia, por exemplo - e dá todas as orientações de estilo de vida para equilibrar o que quer que seja que esteja em desequilíbrio naquele organismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Solos, I., & Liang, Y. (2018). A historical evaluation of Chinese tongue diagnosis in the treatment of septicemic plague in the pre-antibiotic era, and as a new direction for revolutionary clinical research applications. Journal of Integrative Medicine, 16(3), 141–146. doi:10.1016/j.joim.2018.04.001
O exame da língua na Medicina Chinesa. Disponível em: <https://acupunturavicosa.com.br/o-exame-da-lingua-na-medicina-chinesa/>
Diagnóstico pela Língua, segundo a MTC. Disponível em: <https://itiomassagem.com.br/mtc/diagnostico-pela-lingua-segundo-a-mtc>
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