Os seres humanos evoluíram em ambientes e condições hostis. Hoje em dia, temos acesso fácil à alimentos, não é difícil nos protegermos do frio, do calor, da chuva e de outros fenômenos naturais, moramos em casas confortáveis e temos acesso à diferentes tipos de entretenimento e, nas regiões urbanas, não vemos casos de indivíduos tendo que correr com toda a sua velocidade e energia para se proteger de animais selvagens. Mas isso é hoje. Antes não era assim, e mesmo assim os nossos antepassados sobreviveram e perpetuaram a espécie. Para que isso acontecesse, mesmo nas situações minimamente desfavoráveis a que estavam expostos, uma resposta foi muito importante: a do estresse.
O que chamamos de “estresse” é uma resposta que envolve uma série de reações - que vão desde liberação de hormônios até mudança na utilização de energia - que visam garantir a sobrevivência quando estamos frente à uma situação estressora. Atualmente, várias situações que não necessariamente comprometem a nossa existência causam estresse, e por isso acabamos levando nossa mente e nosso corpo ao limite quando estamos constantemente estressados: essa resposta tem um custo muito grande para o nosso organismo, demanda muito das nossas células e tecidos e aos poucos vai desgastando as nossas estruturas. Por isso, fugir do estresse crônico é fundamental para aqueles que buscam plenitude, vitalidade, qualidade de vida e uma saúde que lhes permita aproveitar ao máximo as experiências diárias.
Como dissemos, uma série de hormônios estão envolvidos na resposta do estresse, entre eles o cortisol e o glutamato. E a presença de alguns componentes na sua dieta, de maneira constante e equilibrada, nos níveis adequados, pode ser sua grande aliada para controlar a produção e atuação desses hormônios, além de ofertar a matéria prima para outros que apresentam uma função oposta, ou seja, de sensação de bem estar emocional.
O ômega 3 é um exemplo. Esse nutriente, que é um tipo de gordura poliinsaturada, pode ser encontrado em grande quantidade em peixes de águas profundas e frias (o que não é o caso daqui do Brasil), assim como em alguns alimentos de origem vegetal, como algas e sementes de linhaça. A questão é que, quando vem de fonte vegetal, o ômega 3 está em uma forma que ainda precisa passar por processos de transformação para conseguir exercer sua função no nosso organismo, então dizemos que ele tem baixa biodisponibilidade (porque pode ser que esse processo de conversão não seja tão eficiente).
Devido a essa dificuldade de ingerir a quantidade adequada e suficiente na dieta tradicional do brasileiro, é muito comum a utilização de suplementos de ômega 3, pois este apresenta um incrível potencial anti inflamatório, além de melhorar parâmetros lipídicos no exame de sangue, como os níveis de triglicerídeos, por exemplo. Mas quando pensamos em estresse, a sua deficiência pode estar associada à uma produção descontrolada de cortisol e quando os níveis são regulados, a quantidade liberada desse hormônio em uma situação estressora é menor.
Além do ômega 3, se você quer fugir do estresse, vale optar por melhorar o seu consumo de magnésio e triptofano. O primeiro atua “bloqueando” a ação do glutamato no cérebro. Esse hormônio excitatório também está envolvido na resposta do estresse, logo, diminuir sua capacidade de atuação tem um efeito direto na redução dessa resposta. Já o triptofano é um aminoácido necessário para sintetizar serotonina, conhecida como “hormônio do bem estar”. Quanto mais serotonina, menos estresse e mais sensação de bem estar mental. A banana, semente de abóbora, chocolate amargo (com percentual 70% para cima), as castanhas como amêndoas e nozes e o abacate são boas - e deliciosas - fontes de magnésio. O interessante é que, com exceção da semente de abóbora, esses alimentos também possuem bons níveis de triptofano, que está presente, ainda, no ovo.
Inclua esses nutrientes na rotina, invista no seu bem estar físico (praticando exercícios e se nutrindo de forma equilibrada, por exemplo) e mental (a partir de meditações, boas leituras e atividades que te deem prazer) e dê adeus para o estresse!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Thesing, C. S., Bot, M., Milaneschi, Y., Giltay, E. J., & Penninx, B. W. J. H. (2018). Omega-3 polyunsaturated fatty acid levels and dysregulations in biological stress systems. Psychoneuroendocrinology, 97, 206–215. doi:10.1016/j.psyneuen.2018.07.002
Boyle, N., Lawton, C., & Dye, L. (2017). The Effects of Magnesium Supplementation on Subjective Anxiety and Stress—A Systematic Review. Nutrients, 9(5), 429. doi:10.3390/nu9050429
Kałużna-Czaplińska, J., Gątarek, P., Chirumbolo, S., Chartrand, M. S., & Bjørklund, G. (2017). How important is tryptophan in human health? Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 1–17. doi:10.1080/10408398.2017.1357534
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