É muito comum, quando pensamos em alimentação saudável, associarmos a esse hábito o consumo de alimentos orgânicos. Estes são aqueles produzidos sem uso de agrotóxicos sintéticos, transgênicos ou fertilizantes químicos, e não referem-se apenas a frutas e vegetais. Diversos outros produtos como lácteos, grãos, cereais e até alimentos de origem animal podem ter uma produção orgânica.
Um dos primeiros motivos para escolha de orgânicos costuma ser a questão da própria saúde e bem estar. Atualmente, existem evidências que relacionam a maior ingestão de alimentos orgânicos com menor risco e desenvolvimento de síndrome metabólica, excesso de peso, infertilidade e outras condições. Apesar de não serem muito diferentes dos convencionais em questão da quantidade de carboidratos, proteínas e gorduras (os três grupos de macronutrientes da alimentação), nem de fibras, os alimentos orgânicos costumam possuir maiores níveis do que chamamos de compostos bioativos, como os antioxidantes. Por não contarem com uma carga de agrotóxicos sintéticos que os protege contra as pragas ambientais na sua produção, eles mesmos produzem substâncias para protegê-los e estas, no nosso organismo, tem uma função antioxidante, que auxilia a combater o desgaste das células.
Em termos nutricionais, também costuma observar-se uma melhora na qualidade das gorduras dos alimentos orgânicos, como maior quantidade de ômega 3 nos lácteos e melhor perfil dos tipos de gordura nas carnes.
O que os estudos efetivamente conseguem mostrar é que o maior consumo de alimentos orgânicos reduz a exposição a pesticidas e metais pesados, e por estes serem substâncias tóxicas, essa redução pode se traduzir em efeitos positivos na saúde. Também acontece uma diminuição do contato com bactérias resistentes à antibióticos, que costumam prevalecer em produções com uso de muitos produtos químicos e sintéticos. Mas os efeitos reais de tudo isso ainda precisam ser melhores fundamentados pela ciência, pois não é possível atribuir os benefícios apenas ao consumo de orgânicos, visto que pessoas que optam por esses alimentos costumam ter hábitos mais saudáveis de uma forma geral, o que tem um impacto global na saúde.
De qualquer maneira, sempre que for possível, opte por orgânicos. Se não for viável ter uma alimentação majoritariamente orgânica, priorize comprar desse tipo os alimentos que você consome com casca. Diariamente já somos expostos a diferentes tipos de agentes tóxicos no ambiente, como aqueles advindos da poluição ambiental, que se acumulam em nossos órgãos e impedem seu funcionamento pleno. Optar por orgânicos é uma forma que temos de reduzir essa carga, já que nem sempre vai ser possível escapar dos poluentes.
Além da questão da saúde, as produções orgânicas estão alinhadas com maior preservação da identidade da terra, bem estar animal e garantem sistemas de produção mais sustentáveis para os agricultores, favorecendo a agricultura familiar, que é muito mais respeitosa em relação aos recursos naturais do que as práticas de monocultura.
A escolha de orgânicos é uma atitude de cuidado com nós mesmos, com o outro e com o ambiente que nos cerca. Apesar da noção de que “orgânicos são caros”, obtê-los em feiras de produtores locais pode ser uma maneira de pagar até mais barato do que os convencionais no mercado… Que tal fazer o teste?
Referências: Vigar, Myers, Oliver, Arellano, Robinson, & Leifert. (2019). A Systematic Review of Organic Versus Conventional Food Consumption: Is There a Measurable Benefit on Human Health? Nutrients, 12(1), 7. doi:10.3390/nu12010007
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